TODO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO É IGUAL ?
07/07/2021DESPEDIDA DO AMBULATÓRIO DE CONVÊNIOS DO INSTITUTO DE CARDIOLOGIA
01/11/2021Você já leu e entendeu porque estes dispositivos são necessários!
Agora vamos explicar como são implantados.
Os marcapassos cardíacos são pequenos dispositivos implantáveis, através de uma pequena cirurgia que é realizada através de uma incisão superficial no tórax próxima ao músculo peitoral. Esta cirurgia normalmente é curta, limpa (não é aberta cavidade nem estrutura contaminante no tórax) e sem anestesia geral.
Normalmente são utilizados agentes sedativos leves e analgésicos durante o procedimento. Os marcapassos são capazes de monitorar o ritmo cardíaco e estimular o coração, impedindo que a frequência cardíaca se reduza abaixo de determinados limites, mas atualmente existem muitos modelos diferentes de marcapassos aplicáveis para cada tipo de paciente com algoritmos, ou seja, diferentes programações que podem ser ajustadas de acordo com o tipo de doença cardíaca e tipo de anormalidade de ritmo do coração que o paciente possui. Normalmente é um especialista – arritmologista ou eletrofisiologista – que incorporamos em nossa equipe para fazer o implante, acompanhamento e as programações do marcapasso cardíaco.
Quando o marcapasso é implantado ele fica sob a pele, geralmente na região subclavicular direita ou esquerda. A pequena abertura na pele é fechada por pontos muitas vezes intradérmicos reabsorvíveis, dispensa a necessidade da retirada de pontos e deixa uma cicatriz quase invisível.
Quando o paciente interna eletivamente a internação dura geralmente um período de 72 horas. Ao internar no 1º dia são realizados os procedimentos de internação, uma primeira visita médica e os exames de internação, incluindo o eletrocardiograma. A cirurgia pode ser realizada no mesmo dia durante a tarde ou agendada para a manhã do dia seguinte. É importante orientarmos sobre o jejum anestésico que pode ser iniciado já em casa ou dentro do hospital caso a cirurgia seja no dia seguinte da internação. Após a cirurgia mantemos um curativo compressivo no local do implante e são realizados exames de Raio – x de tórax e eletrocardiograma, podendo o paciente ter alta e retorno para o quarto no mesmo dia. Após isso normalmente orientamos 48 horas com este curativo e repouso com o membro superior ao lado do implante e então retiramos o mesmo para avaliarmos a ferida operatória e o paciente recebe alta do hospital com as devidas orientações.
Acontece muitas vezes que a situação inicialmente é emergencial e o paciente deve permanecer alguns dias com o marcapasso temporário até avaliarmos a necessidade de implante de um marcapasso definitivo. Em muitas situações isso acontece porque a alteração de ritmo cardíaco pode ser resolvida por medidas clínicas como por exemplo a retirada de algum medicamento ou a resolução de algumas situações que possam estar influenciando a anormalidade de ritmo cardíaco como por exemplo a sepse e a alteração na função dos rins com alteração importante nos eletrólitos do sangue. Quando o paciente encontra-se com quadro clínico já estável mas ainda depende do aparelho externo para manter o ritmo cardíaco compensado frequentemente indicamos a colocação do aparelho definitivo ou permanente.
IMPORTANTE: O MARCAPASSO SOMENTE NÃO TRATA OU RESTAURA A FUNÇÃO DO CORAÇÃO. ELE SUBSTITUI A FUNÇÃO DO SISTEMA DE GERAÇÃO E CONDUÇÃO DO ESTÍMULO CARDÍACO, GERALMENTE DANIFICADOS EM DECORRÊNCIA DA PRÓPRIA DOENÇA CARDÍACA.
Existe alguma complicação decorrente do uso destes dispositivos?
Sim. Como todo procedimento invasivo existe o risco de complicações: Complicações em procedimentos cirúrgicos para implante ou reimplante de marcapassos podem existir em consequência de punções para obtenção do acesso venoso, pelo manuseio de cateteres nas veias e no coração, por contaminação por agentes infecciosos, em consequência do procedimento anestésico, ou outras situações menos frequentes. Podem existir em pacientes com doenças estruturais do coração mais avançadas, idosos, com complicações destes dispositivos no passado e trocas de gerador já realizadas. Precisamos ressaltar que a maioria das complicações são consideradas “menores” e contornáveis durante a internação e aquelas intercorrências que mais estão associadas a desfechos desfavoráveis estão relacionadas aos fatores do paciente como por exemplo a idade, doenças associadas e a severidade e a progressão da doença cardíaca.
Siga as orientações ao ter alta. Em breve novo post com os cuidados durante a vida com estes aparelhos. Até lá
Referências:
ACCF/AHA/HRS Focused Update Incorporated Into the ACCF/AHA/HRS.Circulation. 2013;127(3):e283-e352.
Arq. Bras. Cardiol. 107 (3) • Set 2016, https://doi.org/10.5935/abc.20160129