Especialidades
Clínica Médica
A Clínica Médica é considerada uma das áreas base da medicina. É a especialidade de formação, mesmo que após o médico possa ainda se especializar mais profundamente nesta área. É reconhecida como a profissão de maior valor, pois engloba conteúdo das diversas especialidades clínicas, sendo que um bom profissional cardiologista, deve ter um alicerce firme e educação continuada permanente em clínica, pois mesmo na cardiologia o conhecimento em clínica médica se impõe, principalmente porque doenças são resultados de interações complexas entre diferentes órgãos e sistemas e até mesmo hábitos e diferentes tipos de comportamentos. Então a clínica médica é fundamental na investigação completa e abrangente do indivíduo, mantendo o mesmo como foco permanente de seu estudo. Por exemplo, na área da cardiologia frequentemente encontramos desordens cardíacas geradas por diferentes alterações do metabolismo devem ser investigadas (por ex. arritmias cardíacas e doenças da tireóide). Portanto, tratar o indivíduo como um todo é um preceito fundamental para bons clínicos. É importante frisar que a Clínica Médica, como especialidade, engloba a prevenção e a atenção básica, concentrada no nível ambulatorial, mas também a medicina interna, responsável pela visita dos pacientes internados.
Medicina Interna
A Medicina Interna, de vocação essencialmente cognitiva, dedicada a tratamentos “médicos” (não cirúrgicos), é uma especialidade generalista, que se distingue da Medicina Geral e Familiar por ser exclusivamente dedicada a doentes adultos, por ser vocacionada para a complexidade e por ser hospitalar. Ao contrário da maioria das especialidades, que se definem por se dedicarem a um determinado órgão ou sistema (ex: Cardiologia, Endocrinologia) ou a um determinado tipo de doenças (Oncologia), a Medicina Interna define-se como uma especialidade mais de doentes do que de doenças. Ou seja, o internista é um médico que dedica a sua atenção à pessoa como um todo e que se distingue por ser ter experiência na abordagem clínica exaustiva de cada doente. Daí decorre que seja um médico particularmente apto a lidar com doentes complexos, com múltiplas doenças, com doenças que afetam vários órgãos ou sistemas, assim como com pessoas com doenças raras ou com quadros clínicos difíceis, ainda sem diagnóstico. Diante de um doente com vários problemas clínicos (por exemplo, cardíacos, pulmonares, renais, cerebrais e metabólicos), mais do que o somatório entre cardiologista, pneumologista, nefrologista, neurologista e endocrinologista, o internista é o médico do doente, que compreende todos esses problemas e a sua inter-relação e que está em melhores condições de ver o todo, de definir prioridades e de, em conjunto com o doente, definir o plano de atuação mais adequado do ponto de vista ético e mais eficiente. Os cuidados médicos hospitalares devem organizar-se em torno das necessidades de cada doente, com uma equipe multidisciplinar que inclua todas as especialidades necessárias e que seja coordenada por um internista. Como médicos pluripotenciais, dotados de uma formação generalista e de capacidade de lidar com doentes de todo o tipo, em todos os tipos de contexto, os internistas são elementos imprescindíveis em todos os níveis, desde os cuidados Primários (durante a fase preventiva das doenças) até à Medicina Intensiva. Resumindo, ao manter a essência de um bom internista o médico passa o conceito ao seu paciente do conceito geral do “ser médico”: alguém que escuta o doente, que lhe dá tempo e atenção, que o trata com respeito e humanidade, que o informa adequadamente e que ao conhecê-lo sabe das suas prioridades.
Cardiologia Clínica
Com uma base sólida que se inicia com conhecimento e atendimento global do paciente, a cardiologia, tem por finalidade prevenir e controlar os fatores de risco para doenças cardíacas, diagnosticar e orientar as melhores opções de tratamento das mais variadas desordens do coração e também outras alterações clínicas que são relevantes e que impactam diretamente a saúde e qualidade de vida do paciente cardiopata. A trajetória de vida do paciente cardíaco deve ser planejada passo-a-passo, com coerência e de acordo com as preferências do paciente. Uma especialidade completa que se inicia desde a fase preventiva até doenças críticas como o Infarto Agudo do Miocárdio. Então, o cardiologista é o médico especialista que acompanha o paciente de risco para alterações cardíacas, as trata quando se apresentarem e o acompanha para a sua reabilitação e controle conforme as necessidades do paciente.
Medicina Intensiva
A Medicina Intensiva foi minha opção de terceira especialidade por ser de caráter essencial em minha profissão, visto que a cardiologia frequentemente se depara com situações graves em pacientes que muitas vezes são frágeis e suscetíveis a diversas outras doenças críticas. O doente crítico por mais difícil que se possa entender, está situado antes e depois da internação em uma unidade de terapia intensiva (UTI). Acompanhar e tratar adequadamente o paciente de forma ativa e vigilante antes de chegar a UTI, torna a sua estadia mais segura e, se adequadamente bem tratado e com o conhecimento de todo o seu contexto clínico diminui o impacto da doença na sobrevida e qualidade de vida. Da mesma forma, é preciso acompanhar sobreviventes de internações prolongadas na UTI de forma muito específica, pois diversas limitações podem existir por meses, e até mesmo anos após uma internação em UTI. Dentro de uma UTI estabelecemos os cuidados para que as medidas adotadas sejam guiadas por metas diárias, checklist, protocolos organizacionais referentes ao dimensionamento do quadro funcional, políticas no uso de antibióticos e intervenções, controle no uso de respiradores, uso de medidas preventivas para garantir a segurança do paciente, diferentes estratégias de monitorização e gestão técnica. A UTI do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul (www.cardiologia.org.br) hospital que me acolheu há mais de 10 anos é o local onde me dedico ao atendimento de pacientes graves, na preceptoria a médicos residentes e o acompanhamento de pacientes e seus familiares. As três especialidades formam um elo que proporciona ao paciente (em especial ao paciente grave) um acolhimento completo e mais eficiente.