O que você deve saber.
A Hipertensão arterial Sistêmica (aqui frequentemente chamarei como HAS) é uma desordem funcional da circulação arterial ainda de origem incerta porém determinada por diversos fatores entre eles: genéticos/hereditários, comportamentais ou ambientais (ingestão de sódio e retenção de líquidos em excesso), sedentarismo, obesidade, hormonais ou determinadas pelo funcionamento do sistema nervoso central.
Resumindo: estes fatores influenciam a sobrecarga da circulação nas artérias e irão causar uma série de reações de adaptação (pela agressão) em seus órgãos. Chamamos de órgãos-alvo aqueles que sofrem os efeitos da pressão arterial e podem indicar maior risco ao paciente.
Quais são os órgãos-alvo da HAS?
Coração, artérias, cérebro, retina e rins
E na prática o que pode acontecer?
Com o passar do tempo de instalação da pressão arterial e dependendo dos seus níveis essas alterações podem ser vistas em alguns exames e encontram-se denominadas abaixo:
Qual o risco que estas alterações podem indicar?
Estas alterações quando encontradas indicam um risco maior de:
Tenho como estimar este risco?
Sim. E dependendo destes fatores relacionados aos níveis de pressão arterial quando associados aos outros fatores de risco clássicos que já destacamos por aqui (obesidade, tabagismo, diabete…) podemos classificar o risco destes problemas (que são muito sérios) através de ferramentas específicas para cada indivíduo e geralmente em um período de 10 anos como: baixo, moderado, alto e muito alto;
E no que isso ajuda ?
Isto ajuda o médico a guiar a sua intervenção, escolher medicamentos ou combinações de medicamentos adequadas e a estabelecer metas. Quanto maior o risco de um paciente mais rígidas devem ser as medidas para se normalizar as medidas do colesterol LDL, pressão arterial, correção do Diabete e estilo de vida. Além disto, quanto maior o risco, mais rapidamente estas estratégias devem ser adotadas.
Viram que falando de pressão arterial voltamos a falar sobre outros fatores de risco que devem ser enfatizados quando encontrados? É por que o paciente deve ser abordado globalmente – e por isso ao falarmos em avaliação cardiovascular utilizamos o termo “avaliação de risco global”.
Como devo tratar o paciente hipertenso ?
O ideal é não falar em tratamento, pois o mesmo tem conotação de início e término e infelizmente isto não existe nas doenças crônicas. O correto é falarmos em controle. Realizado o diagnóstico de HAS teremos uma alteração que deverá ser controlada para a vida inteira. Ao falarmos em controle colocamos também o foco na modificação de hábitos e estilo de vida: uma dieta saudável sem alimentação rica em gorduras, sódio e alimentos processados, atividade física, controle da obesidade, atividade física, combate ao diabete e colesterol e abandono do tabagismo.
Como falamos anteriormente diversos fatores são responsáveis pela hipertensão. Como não sabemos a causa não temos um tratamento específico, mas guiamos o tratamento para cada um dos fatores que contribuem em sua manutenção:
Existe algum medicamento melhor que outro?
Em geral, como já determinado em muitos estudos sobre o tema, costumo comentar que: “O melhor tratamento para a HAS é aquele que faz a sua pressão baixar”.
Uma outra regra é que dependendo de outras doenças ou problemas de saúde não cardíacos do paciente podemos usar medicamentos específicos como por exemplo:
Quantas medicações podemos usar para controlar a pressão arterial?
E por quê?
Por que é melhor usarmos mais medicações que atuam em mecanismos diferentes da pressão arterial e em doses menores do que apenas uma medicação em doses crescentes e que atuam em um só mecanismo. Isso aumenta a chance de acertarmos no tratamento e de diminuirmos os efeitos colaterais, você não acha?
Como deve se seguir o tratamento?
Somente poderemos saber se o tratamento está fazendo efeito se for utilizado regularmente em algumas semanas, mantendo-se o mesmo horário e não esquecendo das tomadas diárias. Lembre-se que sentir-se bem e à vontade com a medicação não é a meta que procuramos no seu controle, portanto, não adianta interromper o tratamento por sentir-se bem ou sem sintomas. A pressão arterial é silenciosa e você pode ter níveis altíssimos mesmo sentindo-se bem – acredite.
Qual a meta ?
A meta está baseada na correção dos níveis de pressão indicados individualmente para você em medidas realizadas com técnica adequada no consultório;
Muito cuidado em realizar medidas aleatórias em casa, na farmácia, em casa, em um aparelho de um amigo ou quando está com algum sintoma. Não é assim que fazemos para ver se a pressão está controlada;
Somente podemos nos basear em controles da pressão arterial se a mesma for realizada em ambiente controlado e seguindo recomendações específicas;
Algumas vezes solicitamos medidas fora do consultório como a MAPA (medida ambulatorial da pressão arterial) e MRPA (medida residencial da pressão arterial) – veremos estes assuntos em outro tópico.
Certamente abriremos a partir deste post mais dúvidas que serão esclarecidas. Então fique atento a estas e mais sugestões para controlarmos a HAS e obtermos mais saúde cardiovascular e qualidade de vida.